Adriano Correia de Oliveira…
um filho de Avintes, que com a sua corajosa luta e atitude, através do seu canto lírico de revolta e de combate pela liberdade em plena ditadura e durante a guerra colonial, antes de abril… e depois de abril… através do canto de intervenção, lutou pela conscientização e consolidação do processo democrático em Portugal. E assim, pela luta, Adriano tornou-se notado e amado pelo povo português, promovendo desta forma e ajudando a divulgar a terra de que ele tanto gostava e amava, Avintes, tornando-se no símbolo maior desta terra laboriosa de raiz democrática e livre, e na figura mais mediátíca e destacada pela dimensão e visibilidade da sua luta antifascista, misturada pelo canto de intervenção de carís político e social, e na sua forma de ser e agir e cantar e dando a sua voz aos grandes poetas da resistência anti-fascista. E que, transformando o poema em canção… O Canto e as Armas do poeta, Manuel Alegre, no Hino dos estudantes universitários portugueses também em luta contra o fascismo e a guerra colonial!
– Não posso por isso, nem devo deixar de fazer algumas referências à Vila e Freguesia de Avintes, pela simbiose perfeita e cúmplice… desta terra na sua relação com o filho, cidadão e democrata… o Adriano Correia de Oliveira, Um filho da terra, que merece ter esta terra como mãe… Avintes… e de uma mãe terra, que merece este filho generoso pela sua grandeza e desprendimento pelos outros… e que pelo exemplo, se complementaram nos ideais da justiça e da liberdade. Assim… entremos um pouco pela história desta original e bela terra. Abientes de seu nome original, corrompido pelo tempo dos séculos, e que viria a originar como conhecemos esta terra pelo seu nome actual e antigo… de AVINTES!
Avintes que tem uma dimensão histórica desconhecida da generalidade das pessoas e mesmo dos seus próprios habitantes mais próximos da sua cultura antropológica, muito superior à ideia de ser apenas, uma terra de características de origem rural e ligada às actividades piscatórias durante o seu processo de desenvolvimento, muito ligado ao rio Douro, e ao pão e produtos que produzia e levava nos barcos saveiros, desde o embarcadouro do rio Febros… até aos Guindais e à Ribeira no Porto, e que caracterizam e dão um cunho muito especial a esta Vila – Freguesia de Gaia, de uma terra ligada à agricultura e ao rio, portanto à pesca e também às indústrias desenvolvidas e implantadas a partir do século XX, terra que está situada a sul, e nos seus limites geográficos… do Porto, apenas separada pelo rio Douro.
É suposto, segundo alguns historiadores, ter sido Avintes, colonizada por construtores de Crastos, depois das invasões dos fenícios. Admitese ser Avintes, uma terra referenciada devido à ocupação romana a partir do século II aC, que forçaram as culturas indígenas e impondo um sistema provincial em Avintes, que era parte do território de Scallabitanus, (Península da Hispânia ou Ibéria) Após sucessivas reorganizações político-administrativas (primeiro levada a cabo pelos suevos, depois pelos visigodos), a região foi tomada pelas forças árabes do sul, após a batalha de Guadalete, em 714. A Reconquista cristã organizada nas Astúrias, retomou as terras a sul do Douro, trouxe a região do Condado Portucalense, ainda sob o domínio da província galega de Coimbra, temporariamente, sob a regência do Conde Vimara Peres, (Corunha 870-873) que organizou a defesa das terras entre o Minho e o Douro e restaurou o Porto em 868. Porém, a terra retornou de novo ao controle árabe por volta do século X. Foi nessa época que surgiu a primeira referência concreta à aldeia de Abientes, do célebre escritor D. Gundesindo (hoje na Torre do Tombo), mas cuja reprodução é incerta, assim como o historiador Alexandre Herculano a transcreveu. Existem dúvidas sobre a veracidade da ponte sobre o rio Febros… ser romana ou não romana, admitem alguns historiadores, que essa ponte, pode ter sido construída já, nos tempos medievos. Avintes foi depois referenciado durante as Inquirições de D. Afonso III em 1258, onde pertencia ao sector judicial de Gondomar (sul do rio Douro). Em inquéritos semelhantes durante o reinado do Rei D. Dinis, por volta de 1284 (ou 1288), a área foi referenciada como São Pedro de Avintes, onde foram identificados os seus limites religiosos e sua mordomia fixada ao seu vigário, Martim Anes. Pouco mais é mencionado da área, de que fazia parte a freguesia do Seixezelo. (A Freguesia de Santa Marinha de Seixezelo, fez parte integrante do Couto de Pedroso, e depois do Couto de Avintes).
Durante as invasões francesas a Portugal e nomeadamente ao Porto, desde, 1807, em Avintes, nada se passou de importante, a não ser, o saque da igreja. O general Junot ordenou que todos os objetos de valor fossem levados para o Porto, e de lá para a França. Durante as Guerras Liberais, Avintes registou vários distúrbios pró liberais de D. Pedro e anti-miguelistas/absolutistas e que depois em Gramido, que fica em frente a Avintes do outro lado do rio, se assinou o Acordo de Gramido. “A Convenção de Gramido, foi um acordo assinado a 29 de junho de 1847, na Casa Branca do lugar de Gramido, em Valbom, Gondomar, com o objectivo de pôr fim à insurreição da Patuleia. A Convenção foi assinada entre os comandantes das forças militares espanholas e britânicas que tinham entrado em Portugal ao abrigo da Quádrupla Aliança e os representantes da Junta do Porto e selou a derrota dos setembristas frente aos cartístas na guerra civil que tinha assolado Portugal em 1846-1847”.
E, em consequência das guerras liberais, em 16 de maio de 1832, Avintes, torna-se num município (formalizado em 28 de junho de 1834), sendo o primeiro conselho municipal instalado em 1 de junho, presidido por António Francisco Aleixo (eleito em setembro de 1834). Este pequeno conselho tinha um orçamento de trabalho de 37.635 réis, além de uma taxa de vendas sobre a carne e uma taxa sobre todas as vendas feitas no mercado ao longo do Largo da Gandra (que por sua vez operava desde o reinado de D. João IV. (1640 – 656) Avintes hoje, reflete modernidade pela abertura de novas artérias, espaços e jardins, integrados e enquadrados na fisionomia urbanistica actual em desenvolvimento e da herdada do passado, de várias épocas, característico de uma terra antiga e um pouco isolada pelo seu tipo de geografia… com as casas implantadas em cascata sobre o vale, com ruas e ruelas que nos mostram as suas origens antigas e das suas reminiscências rurais… misturadas com alguns edifícios desocupados e relacionados com a arquelogia industrial do passado recente, que são testemunhos de uma época, que influenciou o carácter social do seu povo, pelas alterações havidas, devido à influência e integração operária no povo, antes rural, porém, hoje Avintes, está a crescer, mas virado para o comércio e serviços.
É esta a terra em que Adriano cresceu e se fez homem estudante e cantor, terra que tanto amou durante a sua curta existência… de quem merecia viver pelo tanto que fez pela liberdade e pela vida em Portugal e pela justiça social e igualdade dos portugueses, e pelo talento posto ao serviço do canto pela sua voz cristalina e lírica e pela sua coragem de militante anti-fascista de corpo inteiro até ao fim dos seus dias. Facto reconhecido pelos avintenses e a sua estrutura administrativa local, que entre outras honrarias, deram o seu nome a uma escola… Que melhor local para lembrar quem tanto deu pela luta e pelo seu exemplo por Avintes e Portugal! Nesta hora, e enquadrado nas comemorações do 45º. Aniversário da revolução do 25 de abril, os Corpos Gerentes do Centro Adriano Correia de Oliveira, por este meio apresentam as suas mais cordiais saudações de amizade e associativas a este Fórum e a todas as associações desta terra, a todas as escolas em particular à Escola Adriano Correio de Oliveira, aos membros eleitos da junta de freguesia de Avintes, e ao seu presidente, um amigo da nossa associação e do associativismo avintense em geral, bem como a todos os avintenses e especialmente a todos os que se dignaram honrar Avintes, com a sua presença neste acto de convívio e de civismo de elevado significado por Avintes.
Por Avintes – com Abril e Adriano!
António Jorge – Membro do conselho directivo do Centro Artistico Cultural e Desportivo – Adriano Correia de Oliveira, Avintes
Sessão de 2019Out16, na nova Casa da Cultura de Avintes, uma Sessão com o tema “Vida e Obra de Adriano Correia de Oliveira”.